sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010


Hardcore, de Paul Schrader



"Pequeno empresário calvinista investiga o sumiço da filha adolescente. Descobre que ela trabalha em filmes pornográficos e vai a sua procura, envolvendo-se com figuras sórdidas e uma jovem prostituta em Los Angeles".




Paul Schrader nasceu em uma comunidade calvinista extremamente puritana. Consta que somente após entrar para a universidade, Schrader tomou conhecimento do cinema. Estudou teologia, mas o contato com a sétima arte o aproximou de mestres do cinema como Bergman, Antonioni e Orzu, fezendo desistir da teologia e se dedicar ao cinema. Em Los Angeles, devido ao seu grande conhecimento sobre cinema (dizem que viu mil filmes durante um ano), começa atrabalhar como crítico no mesmo perildo em que se forma em Teoria do Cinema. Começa sua carreira como roterista em 1972.
“Scharder, ex-drogado e frequentador do bas-fond do centro da cidade de Nova Iorque, criou Travis (Taxi Driver) baseado em si mesmo e em obras de Sartre e Dostoievski.Mais tarde, Scorsese pediu-lhe para fazer o roteiro de A Última Tentação de Cristo, do livro de Nikos Kazantzakis”.

“Tem que ser um puta banho de sangue”
(Arthur Penn)

The Road, de John Hillcoat



Nunca li uma linha se quer escrita por Cormac McCarthy, escritor recluso e que raramente dar entrevistas. Três de seus romances já foram adaptados para o cinema e um quarto livro vai virar filme pelo diretor Ridley Scott. Se “Onde os Fracos Não Tem Vez” – o título em português é contraditório ao western moderno -fez com que eu prestasse mais atenção neste escritor; “A Estrada”, publicado em 2007, é responsável pela minha admiração.

“Eu nunca tive nenhuma dúvida sobre as minhas habilidades, eu sabia que podia escrever, eu só precisava descobrir como comer enquanto fazia isso.”
(Cormac McCathy)

Entretanto, o principal motivo que me deixou ansioso para conferir “A Estrada” não foi Cormac McCarthy, mas o diretor John Hillcoat. Meu interesse por esse realizador australiano começou ao fim da sessão de “A Proposta”, quando eu, atônito com o que tinha visto, mal podia levantar da cadeira. Aquela mistura de Sam Peckinpah, John Huston e sei lá mais o quê, me deixara tão impressionado que perdi as contas de quantas vezes já o assisti. Evidente que “A Proposta” não atinge a perfeição de um “Cidadão Kane” ou “Casablanca”, mas ninguém é demasiadamente sínico para eleger somente clássicos como seus filmes preferidos. Ou é?
Certamente, alguém que já se aventurou por esse blog sabe muito bem que esperei ansiosamente pela “A Estrada”. Na verdade, essa espera começou quando no inicio de 2009 me deparei com informações a respeito do roteiro que abordava o apocalipse, canibalismo e um pai errante com seu filho num mundo hostil e, principalmente, tinha o diretor Hillcoat no seu comando.
Em minha opinião, “A Estrada” já faz parte dos grandes filmes que têm o fim do mundo como tema; e sua abordagem psicológica é, seguramente, seu diferencial, centrando a trama no dilema do pai que tenta criar o filho dentro dos modelos civilizados diante de um mundo onde a barbárie impera. Em quase todo o filme temos apenas os dois atores em cena (Viggo Mortensen e Kodi Smit-McPhee). Entretanto, esse isolamento é quebrado em alguns momentos com a inserção de personagens que têm fundamental importância na dinâmica da relação dos dois e, sobretudo, na formação da personalidade do moleque. O que poderia ser uma armadilha, ter apenas dois atores em praticamente todo o filme, tornou-se um trunfo devido ao excelente trabalho dos dois (Já pensou se Will Smith pega esse papel junto com o mala de seu filho?). A atuação de Viggo Mortensen é excepcional e o pivete não fica atrás, provando que foi o ator certo para o personagem que poderia, com uma escolha equivocada, ser um pé no saco dos espectadores.


Na história, A Terra é devastada por terremotos e a humanidade está quase extinta. Num mundo onde não existem mais animais, as arvores estão caindo mortas e não há mais alimentos, os humanos que ainda resistem vagam errantes por um mundo cinza e devastado a procura de comida. Alguns se juntaram em bandos e adotaram o canibalismo como pratica, outros, que ainda tentam manterem-se civilizados, se alimentando de sobras e migalhas escondidas nos entulhos. Nesse cenário, um pai e seu filho vivem como nômades a procura de comida, se escondendo e fugindo das estradas. O filme ainda conta com um visual extremamente eficiente (a fotografia é monocromática), tratado de forma natural pelo diretor que fez a opção de fugir do espetáculo e contar um drama duro e comovente de forma discreta, deixando para o ótimo roteiro e os atores, toda a atenção da platéia. É um filmaço, como se fazia num passado não muito distante.

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Os Contos de Canterbury, de Pier Paolo Pasolini


Finalmente pude, ontem, conferir a segunda parte da famosa “trilogia da vida” do grande mestre do cinema italiano, Pier Paolo Pasolini. O filme “Os Contos de Canterbury” é mais um atentado do mestre contra a moral burguesa e a hipocrisia da Igreja Católica. Como sempre, não compreenderam as inacreditáveis imagens produzidas por um doas maiores realizadores daqueles anos. Dentre tantas, a sequência do inferno é antológica! Quem elaboraria uma cena onde, Satanás, de quatro, defeca monges católicos? Um primor.

Só mesmo a ganância desenfreada dos engravatados para que um neoclássico do horror, um dos melhores filmes dos últimos anos, ganhasse uma continuação picareta. Não precisa nem assistir pra ter certeza que “Abismo do medo 2” vai decepcionar os fâs dessa obra prima. Lamentável.

The Wolfman, de Joe Johnston


A refilmagem do clássico de 1941 vem tendo boas criticas de pessoas acima de qualquer suspeita. Parece que o realizador Joe Johnston conseguiu obter alguma dignidade para seu filme. Para quem não sabe, a película estava engavetada a um tempão, devido à disputa entre os produtores gananciosos e o diretor que, acho eu, lutava para que sua obra não desapontasse os reais fâs do horror. O que representa uma pequena vitória nesses dias crepusculares.

O novo filme de Scorcese estréia com boa bilheteria nos EUA e tira a liderança de “Avatar”. O Suspense arrecadou 40 milhões de dólares na estréia! Será que o cinema ainda tem salvação?

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Invasores de Corpos, de Philip Kaufman

Esta semana irei rever este clássico dos anos setenta.

A Estrada, de John Hilcoat

Finalmente pude conferir A Estrada

Pode ser o melhor filme de 2010!

Salvador, de Oliver Stone (1986)


sábado, 6 de fevereiro de 2010

Johnny Mad Dog, de Jean-Stéphane Sauvaire


Com o filme ainda queimando em minha mente, começo este texto sobre um dos mais brutais dramas que assisti recentemente.
Quando me deparo com dramas que enfocam situações violentas envolvendo crianças e, principalmente, acontecimentos no terceiro mundo, vem logo à cabeça a famosa "praga" de Glauber Rocha: “A estética da fome”, como um carimbo maldito estampado no filme. E bem verdade que algumas realizações merecem essa marca, principalmente quando usam temas sociais - digam-se desgraças alheias- para puro entretenimento, a exemplo de “Diamante de Sangue”, de Edward Zwick. No caso de “Johnny Mad Dog”, a coisa é bem diferente. Teria que ser um filho da mãe patologicamente sádico para encontrar alguma diversão nesta realização produzida pelo cineasta/ator Mathieu Kassovitz. O filme tem um realismo impressionante que chega a incomodar, tornando uma tarefa dolorosa acompanhar a historia de garotos liberianos, transformados em maquinas de matar que servem, literalmente, de bucha de canhão nas mãos de calhordas que lutam pelo poder na Libéria.
Não sou nenhum especialista na situação da Libéria ou outro pais africano, mas é evidente que lideres corruptos manipulados por algum país do primeiro mundo ou uma corporação qualquer, utilizam crianças como peões num dos conflitos mais covardes da era moderna; provando que a capacidade de evolução da crueldade humana é ilimitada, embora esteja ciente de que não é de hoje que crianças são usadas em conflitos bélicos; a Igreja Católica sabe muito bem disso.


Contudo, abordar este tema tão complicado é um campo minado e precisa ter coragem e, sobretudo, habilidade na condução de uma fita como esta, tornando-se quase inevitável não evocar o neoclássico de Fernando Meireles, “Cidade de Deus”, já que as histórias têm a miséria e a crueldade como pontos que se assemelham. Embora o contexto no filme francês seja outro, os dois nao transformam os dramas em um espetáculo constrangedor.


Em “Jonny Mad Dog”, acompanhamos uma milícia formada por crianças e adolescentes na tomada de pontos chave durante uma rebelião no já citado pais africano. “Os garotos seguem cegamente as ordens de militares; saem matando, estuprando e cometendo todos os tipos de atrocidades numa espécie de ‘‘limpeza étnica” ao molde dos Bálcãs. A diferença aqui é que em vez de militares a praticar tais barbaridade, temo crianças que sofrem lavagem cerebral, usam drogas (inclusive cocaína) como forma de estímulo para o combate, aumentando a confusão mental que os vai afundando cada vez mais num mundo sinistramente mágico.

Invictus,de Clint Eastwood


A excelência mantida por Eastwood nestes últimos anos é realmente de impressionar. Se você fizer um retrospecto de dois mil pra cá, não existe uma realização que se possa considerar abaixo da média.
É bem verdade que nesta trajetória houve pequenos deslizes, mas nunca um que comprometa esta sequência invejável de realizações. Se você gosta de comparação, pegue, por exemplo, a trajetória de cineastas da safra do senhor Eastwood como Coppola, Scorsese, Spielberg ou George Lucas e verá que todos eles têm, ao menos, um filme ruim. Ok, Coppola merece um desconto por ter se tornado um cineasta ocasional, mas os outros não têm como escapar, fizeram ao menos uma porcaria ou três, no caso de George Lucas.

Voltando para Clint Eastwood, seus últimos seis filmes são impecáveis e a probabilidade que o realizador cometa um vacilo aumenta. Mas com certeza não é o caso deste Invictus. A produção é realmente inferior aos outros quatro filmes anteriores do cineasta, mas está longe de ser um tropeço neste percurso. A falha do filme (se é que existe uma) está intenção declarada do roteiro em fazer um filme para emocionar pessoas; o que na verdade não é uma coisa ruim, mas a premeditação e a construção de cenas e imagens que toquem nossos corações me deixam com um pé atrás. Contudo, um grande diretor é também reconhecido pela capacidade de manipular emoções de suas audiências, e Eastwood faz isso muito bem.

Nos dias de hoje em que cineastas da safra dos anos setenta estão se tornando farsantes politicamente corretos, alterando suas obras na intenção de lhe tirar seus últimos centavos, Eastwood continua sua trajetória fazendo um cinema sem arrojos visuais (fotografia saturada), montagem vídeoclipica, narrativa intricada. O cinema de Clint Eastwood é clássico e, sobretudo, conservador (no melhor sentido da palavra).

O melhor filme de 2009 é Distrito 9.


É uma tarefa difícil para este blogueiro elaborar uma lista com os melhores filmes de 2009, mas como onze entre dez blogs elaboraram essa tal lista, sinto-me na obrigação de não ser nada original e cair no clichê. No entanto, é importante frisar que o alto preço dos ingressos, o tempo escasso e a péssima safra cinematográfica que chegou a nossa cidade, não nos fez – digo eu e minha esposa – freqüentar muito as salas de exibição; obrigando-nos a recorrer a meios alternativos para manter, na medida do possível, nossa agenda de filmes em dia.
Para este blog, 2009 não foi um grande ano para o cinema no âmbito geral, mas no que diz respeito aos gêneros, algumas surpresas evitaram que o ano caísse no vermelho. Listarei a seguir as dez melhores realizações que tive o prazer se assistir e que, sobretudo, tornaram 2009 suportável.
Estes são os melhores filmes vistos no Cinema... ou não:

Star Trek (ficção)9,0
Bronson (Drama)9,0
Arrasta-me para o Inferno (Horror)8,0
A Troca (Drama)8,0
Gran Torino (Drama)9,0
Moon (ficção)9,0
CHE – O Argentino e Guerrilha (Drama)8,5
Distrito 9 (Ficção)10
Amantes (Drama)9,5
O Lutador (Drama)9,0
O Casamento (drama)8,0
No Direction Home (doc.)10
Vynian (suspense/drama)9,0
Deixe Ela Entrar (Horror/Drama)9,0
Martyrs (Horror/ Drama)8,5
MR-73 (Policial)8,0
O Acompanhante (Drama)8,5
Choke (Drama/comédia)8,0