sábado, 7 de novembro de 2009

BRONSON, de Nicolas Winding Refn


Ainda dentro do tema Prisão, outra película que merece ser comentada é o filme inglês, Bronson. Já tinha visto bons comentários a respeito dessa fita em outros blogs e sites de cinema mais antenados com as novidades da sétima arte. Então foi com uma certa expectativa que assisti essa realização do diretor Nicolas Winding Refn. Bastante elogiado, esse filme de prisão que venceu o London Film Festival, me surpreendeu. Esperando um bom filme, me deparei com umas das mais instigantes e originais realizações sobre o tema que vi ultimamente. Broson não é apenas um filme de prisão, acredito que se referir a ele apenas desse modo, reduz bastante seus propósitos. Não que ele não seja um filme de prisão, mas ele é bem mais que isso. Na verdade é um ataque contra o sistema carcerário inglês e sua ineficácia em relação à recuperação do individuo e inserção deste na sociedade inglesa. O que poderia ser uma narrativa simples sobre um homem que passou a grande parte de sua vida sob custodia do Estado inglês, se configurou em um estudo sobre um individuo complexo que encontrava na violência sua forma de comunicação, e a incapacidade de se adaptar a sociedade, e ela a ele. Bronson, na verdade Michael Peterson, é um notório prisioneiro inglês que passou 30 de seus 34 anos de prisão na solitária. Foi mandado para todos os tipos de prisões inglesas, manicômios e instituições, mas sempre reagia a qualquer tipo de projeto de “recuperação” com ataques violentos contra qualquer um, que eram, prontamente, revidados pelo Estado. Nicolas Winding Refn encontrou na estupenda interpretação do ator Tom Hardy (o melhor e mais impressionante trabalho que vi este ano) a perfeita encarnação da raiva incontrolável; ele nos faz acreditar que o único lugar onde Bronson se sente bem é cercado por violência. O diretor poderia se deixar levar pelo tema e fazer uma obra sobre a violência demente e sem propósito; caindo na vala comum dos realizadores atuais que vêem na exposição e na vulgarização dela um veiculo eficaz para atrair as massas sedentas por sangue. No filme, somos apresentados ao personagem pelo próprio Charles Bronsom, isto é, Michael Peterson. Antes de tudo, ele nos diz ser um ator e vai contar sua história desde infância, aparentemente sem traumas, até as ações que o levaram a uma vida inteira atrás das grades. Sempre entre o tom dramático e o satírico (às vezes parece zombar do espectador) – o personagem também esta se apresentando diante de um teatro lotado, o filme tem uma relação direta com o clássico de Kubrick, o que o parece ser inevitável em se tratando do assunto.