segunda-feira, 10 de maio de 2010

O Caçador, de NA Hong-jin


Uma moda recente apontava a bússola para o cinema iraniano, gerando uma febre que, acredito eu, aqueceu a produção local do Irã culminando com a importação de vários títulos para o Brasil e fazendo a alegria daqueles que procuravam uma alternativa fora do eixo Estados Unidos/Europa. Creio que essa bússola deu uma nova virada e bola da vez é o a produção asiática e mais especificamente, a coreana. Com os inúmeros sucessos do cinema de arte chinês pelo mundo a fora, o Brasil (re)descobriu uma rota para essa parte do mundo e a Coréia veio junto com as produções chinesas, japonesas, tailandesas etc. Para alguns macacos velhos, essa rota já é bem conhecida, mas para a maioria, essas produções são uma grata surpresa.
“O Caçador”, filme que participou da seleção oficial do Festival de Cannes, é mais uma obra que vem para afirmar a potência do novo cinema coreano e sua capacidade de abordar temas já conhecidos de forma surpreendente; e pelo lado do mal, a mesma capacidade de gerar matéria prima para ser pasteurizada, diluída e embalada a vácuo pela indústria cinematográfica dos E.U.A.
Dá mesma estirpe de realizadores do calibre de Park Chan-Woonk, Lee Byeong Heon, Kang Woo-suk, Bong Joo-Ho; NA Hong-jin realizou uma obra que, embora impregnada de temas já bem conhecidos dos apreciadores desse cinema, se apresenta com a mesma intensidade e poder imagético de seus colegas.
No filme, Joong-ho, um ex-detetive que se tornou cafetão, tem que encontrar uma de suas prostitutas que, acredita ele, ter sido vendida para outra facção. Logo ele irá perceber que o desaparecimento de Mi-jin está ligado a algo bem mais sério, e o sumiço dela e de outras garotas têm uma estranha ligação com um cliente em comum. Vingança, remorso, violência e um pouco de política são ingredientes que os coreanos sabem muito bem adicionar à narrativa; formando algo hibrido que é drama, thriller, horror e filme policial.
Com certeza, “O Caçador” faz parte do melhor cinema da atualidade. Não tem, pelo menos que eu conheça, um país com um cinema tão forte, tão pungente e inovador quanto o realizado pelos sul-coreanos. É como se Martin Scorcese, Coppola, Willian Friedkin e toda essa geração, tivesse se mudado para a Coréia do Sul e então, usando pseudônimos complicados, estão criando obras revolucionarias de alto nível cinematográfico e incomparável qualidade.