segunda-feira, 15 de março de 2010

REC 2, de Jaume Balagueró e Paco Plaza





Depois da grata surpresa que foi “REC”, os experientes diretores Paco Plaza e Jaume Balagueró, retornam com a sequência de seu filme que iniciou sua trajetória de sucesso no boca a boca. À cerca de três anos atrás, REC surpreendeu os fãs do terror como um filme de zumbis que trazia, até então, uma narrativa ousada para o universo dos mortos-vivos: a história era apresentada a partir do ponto de vista narrativo e real, de um dos personagens, recurso este, que levava o espectador para “dentro” do filme, injetando doses cavalares de puro horror nas veias platéia. Com o sucesso obtido nos festivais por onde passou e, sobretudo, a ótima recepção dada película por parte dos exigentes apreciadores do gênero, não era difícil imaginar que uma continuação estaria programada. REC também foi motivo de uma pequena polêmica envolvendo outro filme de mortos-vivos: “Diário dos Mortos”, nada menos que mais uma realização do homem que apresentou ao mundo os zumbis antropófagos, o mestre George A. Romero. A controvérsia que existe entre essas duas excelentes obras do cinema fantástico gira em torno de qual filme teria sido feito primeiro; já que ambos lançaram mão de narrativas semelhantes, além de, obviamente, terem os zumbis como astros principais. Os dois filmes são de 2007, mas, aparentemente, “REC” chegou primeiro aos cinemas. De qualquer forma, aquele ano não poderia ter sido melhor para os fãs dos carismáticos mortos-vivos, pois ganharam dois grandes filmes.
O tempo passou e Romero já deu seguimento ao “Diário dos Mortos” com seu mais novo, “Survival of the Dead” e os realizadores de REC chegam com mais um exemplar de seus zumbis satânicos: o aguardado REC 2. Trazendo de volta a mesma narrativa, desta vez com algumas mudanças: por exemplo, em certas cenas, a tela se divide mostrando o ponto de vista de personagens diferentes gerando, em determinados momentos, tramas paralelas; ou seja, REC 2 está um pouco mais sofisticado que seu antecessor. Também foram mais trabalhados elementos introduzidos no filme anterior, além de novos personagens inseridos na trama.
Desta feita, um grupo de elite da polícia espanhola entrará no prédio com a ingrata missão de averiguar se houve sobreviventes da contaminação, ao mesmo temo em que escoltará um (suposto) representante da secretaria de saúde para relatar a situação do contágio. Como manda o manual, os novos personagens nos são apresentados antes de entrarem em ação e, embora não tenham o mesmo apelo carismático da repórter do filme anterior, já estamos com pena deles, pois sabemos o que os espera no interior do prédio. Entrar em mais detalhes irá comprometer o programa de quem pretende assistir ao filme; contudo é importante dizer que o sangue rola solto, que as criaturas estão tão assustadoras e ferozes quanto antes e que elementos religiosos e científicos ganharam mais força nesta sequência, algo como um cruzamento entre “O Exorcista” e “A Noite dos Mortos-Vivos” e tendo como padrinho, “Demons”, de Lamberto Bava.
Certamente estamos diante de uma nova saga dos zumbis (os diretores já afirmaram que têm material para outros capítulos, mas querem apenas produzir as sequências). Resta-nos acrescentar, portanto, que em termos comparativos, REC2 e um pouco inferior ao primeiro. Algumas explicações não são lá muito convincentes, e o final não se compara aos aterradores vinte minutos finais do filme anterior, mas, certamente, estará acima da média das produções do gênero. Não decepciona e deixa o espectador ansiando por mais.