sábado, 6 de fevereiro de 2010

Invictus,de Clint Eastwood


A excelência mantida por Eastwood nestes últimos anos é realmente de impressionar. Se você fizer um retrospecto de dois mil pra cá, não existe uma realização que se possa considerar abaixo da média.
É bem verdade que nesta trajetória houve pequenos deslizes, mas nunca um que comprometa esta sequência invejável de realizações. Se você gosta de comparação, pegue, por exemplo, a trajetória de cineastas da safra do senhor Eastwood como Coppola, Scorsese, Spielberg ou George Lucas e verá que todos eles têm, ao menos, um filme ruim. Ok, Coppola merece um desconto por ter se tornado um cineasta ocasional, mas os outros não têm como escapar, fizeram ao menos uma porcaria ou três, no caso de George Lucas.

Voltando para Clint Eastwood, seus últimos seis filmes são impecáveis e a probabilidade que o realizador cometa um vacilo aumenta. Mas com certeza não é o caso deste Invictus. A produção é realmente inferior aos outros quatro filmes anteriores do cineasta, mas está longe de ser um tropeço neste percurso. A falha do filme (se é que existe uma) está intenção declarada do roteiro em fazer um filme para emocionar pessoas; o que na verdade não é uma coisa ruim, mas a premeditação e a construção de cenas e imagens que toquem nossos corações me deixam com um pé atrás. Contudo, um grande diretor é também reconhecido pela capacidade de manipular emoções de suas audiências, e Eastwood faz isso muito bem.

Nos dias de hoje em que cineastas da safra dos anos setenta estão se tornando farsantes politicamente corretos, alterando suas obras na intenção de lhe tirar seus últimos centavos, Eastwood continua sua trajetória fazendo um cinema sem arrojos visuais (fotografia saturada), montagem vídeoclipica, narrativa intricada. O cinema de Clint Eastwood é clássico e, sobretudo, conservador (no melhor sentido da palavra).